À noite, os iguais se tornam santos
E nos pesadelos tentam descansar
Pra fugir desse medo e esquecer o pranto
Que de vez em quando ainda tenta voltar
Nas asas que o futuro esqueceu ao decolar...
Mas será que somente a culpa nos satisfaz?
Nem sempre os santos parecem certos...
E quase nunca os certos querem ser santos...
A certeza não pode ser divina
Divindades são sempre fictícias...
Às vezes, a verdade é só um deus de mentira...
E nesta noite, tão imensa
As horas se tornam cada vez mais cruéis
Nesta noite, tão esplêndida!
Os relâmpagos denunciam os infiéis
Nesta noite uma vida desistiu de existir
E as que restaram ainda tentam dormir
Com o barulho dos pingos na janela.
E quem estará do lado errado?
Os anjos de um Deus indefeso
Ou os escravos de um mal delicado?
E quem estará nesse amor ao contrário?
Nas travessuras de um Deus imperfeito
Com marionetes no anfiteatro.